segunda-feira, 30 de junho de 2008

D-503 ama I-330 e não O-90

"M - Então me diz: As pessoas riem de alguma coisa que não seja da desgraça dos outros?

T - ...

M - Hein?

T - Às vezes, elas riem da desgraça delas mesmas..."


Durante toda a vida são pressões. Alguns chamam de superego, outros de regulação social, outros de restrições do ambiente. Mas não deixam nunca de ser pressões.

Todas tão hostis. Todas contra os desejos. Contra as vontades e talvez até contra as necessidades

Se todos fossemos seguir à risca as coações, seríamos neuróticos obsessivos, segundo Freud. Ou então precisaríamos ser mais assertivos frente à situações que foram previamente punitivas, segundo os Behavioristas. Mas, venhamos e convenhamos, de acordo com qualquer pessoa que seja um pouquinho sensata, se fossemos sempre certos a vida dos homens não seria humana.

O erro é a única possibilidade de sobrevivência. É a humanidade. Nua, crua, suja e descabelada.

São séculos de ciência positiva. São milênios de igrejas e seitas religiosas. São escolas, regras, normas, pautas. São caminhos. Caminhos de inaceitação. Do outro e de si. Sempre em busca do acerto, da verdade.

E ela foge. Ela escapa no espaço exato de um sorriso malicioso. No caminho que há entre um homem e outro. Na possibilidade de enganar, de fugir ou de esconder.

Enfim, o acerto está errado? Não se chega a tal ponto de conclusão com uma única postagem de blog. Mas o acerto pode esconder erros fundamentais. Erros de constituição humana. Erros de sustentação humana.

´. as pessoas riem das desgraças dos outros. como todos riem de um palhaço que cai no chão. como todos esperam que o mágico d^ um passo em falso e possibilite ` plat´ia desvendar o segredo. como todos esperam que as motos se choquem dentro do globo e o trapezista caia do alto.

É a natureza humana. Sempre em busca do que não tem. Sempre querendo mais o que já tem.

Humana.

Leitura Obrigatória: Nós - Eugene Zamiatin - Um mundo futurístico em que as pessoas moram em casas de vidro, com tarefas pré-determinadas e tendo um "Benfeitor" (Estado) como mediador de todas as relações. D-503 mantém vínculos (se é que se pode chamar assim) com 0-90, que também é correta e segue as ordens burocráticas como todos. Porém, sempre existem os corajosos que escapam deste cenário funcionalista e hostil e dentre eles está I-330, que provoca em D-530 o sentimento mais proibido de todos => a paixão.

Zamiatin viveu na Russia e publicou "Nós" em 1920. Muitos o consideram precursor do gênero seguido por Aldous Huxley e George Orwell.